quinta-feira, 17 de setembro de 2015

DO LADO MAIS CALADO DO TEMPO


Arte Margarita Sikorskaia

Do lado mais calado do tempo
podemos falar das mãos das mães,
tão frágeis, quando trazem nas costas
a febre dos filhos.
Podemos sentir o rosto perturbado
das crianças que nos mostram a boca
mordida pela fome.
Podemos querer de volta o fascínio
dos papagaios de papel e do tempo
em que não faltava ninguém
nas fotografias da família. 

Graça Pires
De O silêncio: lugar habitado, 2009

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